::: quinta-feira, junho 12

BILLIE

A angústia era terrível. Pensava permanentemente no que havia deixado em Grun. Tinha pânico do que a poderia esperar. Lembrava-se dos amigos, perdidos, dos inimigos, ausentes, dos conhecidos, desaparecidos; de tudo aquilo a que estava habituada e tinha sumido. Como seria passar cinco anos fechada numa nave, com 49 desconhecidos? Não teria sido melhor ficar no planeta? O frio seria assim tão impossível de suportar? Um milagre? Um milagre capaz de salvar toda a população que havia resistido durante 3 longos anos. Três anos passados a enganar o frio, a contar os dias que faltavam para o fim do eclipse. A neve, sempre a neve, sempre mais alta, mais espessa, mais branca, mais… Mas sentia o corpo a alterar-se. Não conseguiria já suportar o frio? Então porquê partir? E os guardas? Porquê os guardas? Escondiam-lhes mais alguma coisa? Será que não tinha mesmo ficado ninguém para trás? Não conseguia descansar um pouco, parar de pensar. Terrível angústia!



Mudámos o visual por motivos que em breve compreenderão. Mais uma escolha sem a devida resposta.

::: domingo, junho 8

A partir de agora dispomos da história em formato PDF para que quando os post desaparecem se possa ler a história completa. Em Blogaris vive-se de escolhas.


::: terça-feira, junho 3

XAVI

Voltei. Perante tantas adversidades passadas na Crisálida sinto um enorme enjôo. lá fora vislumbro um movimento anormal de pessoas, como bichos assustados prestes a ser abatidos. Sente-se mesmo um medo animal. Ligo o plasma mas nada, só uma imagem negra. Os intercoms também estão mudos. Parece que estou isolado. O tempo que passei a deambular pela Crisálida deve ter sido grande. Esqueceram-se de mim.
Lembro-me de orbitar num sistema de três sóis onde um Blogaris antagónico reinava imperioso face a outros vinte planetas. A superfície era quente e tenra. A população vivia em harmonia com tudo, até com o planeta, a que chamavam Grun. Era um habitante como eles. Ao fim de um ciclo fartei-me daquilo. Da solidariedade, das palmadinhas nas costas, do sorriso patético que todos espelhavam como se fossem detentores da verdade universal. Aquela que os cientistas da minha Blogaris procuram incessantemente há milhares de órbitas. A que nos poderia proteger deste maldito frio.
Ligo o fluxo iónico calorífero, retiro duas cápsulas de Crisálida e engulo-as a seco, sem esforço. Quero visitar outro sítio qualquer menos estas versões subconscientes deste planeta miserável.


::: segunda-feira, maio 19

MARCEL

A neve atigiu hoje os 3800 metros de altura em todo o planeta de Blogaris. Estou no último grupo que vai abandonar o planeta juntamente com os guardas que nos acompanham, há um excesso de força que me incomoda, com as suas armas de laser's cintilantes, as viseiras plásticas e negras sobre os olhos acompanham-nos no nosso passo curto. Há uma imensidão de noite ao nosso redor, e só o pequeno local onde se encontra estacionada a nave e todo o cais de embarque improvisado se encontram iluminados. Faz imenso frio. Há 3 anos que faz imenso frio, desde que o enorme planeta vizinho iniciou o seu eclipse solar de 8 anos sobre Blogaris. As piores expectativas foram amplamente ultrapassadas, com a neve a transformar o planeta num manto branco que só a noite a tempo interior impedia de vislumbrar; só um plano de salvamento de esforço planetário salvou alguma da população deste nosso planeta. Desde que se iniciou o plano de fuga, de ficarmos em orbita do planeta em naves auto-suficientes durante os próximos 5 anos, que não há informação e somos reféns de um programa de salvamento imposto por forças militares. No pânico toda a gente cedeu. Mas aqui e ali sopram ventos de outros planos intrigantes. Familias desmembradas, casais desfeitos, orfãos ao cuidado do Ministério e uma contestação crescente ao Governador perturbam os nossos dias, que só a vontade de fuga e sobrevivência nos calam. Mantenho-me na fila a passo, seguindo as ordens dos guardas. Não conheço nenhum dos outros 50 passageiros do ultimo vôo. Levantamos para o espaço em cinco minutos, informam-nos. É a minha primeira ida ao espaço. Levantamos do chão com suavidade, as luzes do cais de embarque transformam-se em pequenos pontos de luz que se vão dissipando como estrelas que fogem na noite. Vão ser cinco anos numa paisagem de noite e estrelas. A partir daqui o meu conhecimento do Plano é nulo.



BLOGARIS
Capítulo 1: Ao redor de Blogaris


::: quinta-feira, maio 15

Blogaris ainda é um planeta em construção

::: terça-feira, maio 13

Em Blogaris habitam pessoas com sonhos por explorar. O vento circula velozmente numa terra sem barreiras...

::: sábado, maio 10

Em Blogaris faz demasiado frio. As pessoas têm medo de sair à rua. Há uma possibilidade de fuga. Eu sei.


Blogaris é a terra dos blogadores. Onde preferimos a irrealidade prazenteira proporcionada por este espaço virtual à realidade vazia, sem aqueles com quem gostamos de discutir. E no fim, muitas vezes, quando temos de decidir se vamos para a Terra ou se ficamos neste planeta, não queremos sair. Mesmo correndo o risco de sermos engolidos pelos nevoeiros de Blogaris. Nós ficamos por aqui com os visitantes que forem aparecendo e que são, por agora, apenas o espelho da nossa imaginação.
Lá fora está demasiado frio.


::: sexta-feira, maio 9

BEM VINDOS

BLOGARIS É O PLANETA ONDE TODOS OS BLOGADORES SONHAM ESTAR


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